A Rosa é uma planta celebrada através dos séculos, o símbolo da paixão e da adoração, considerada a mais antiga. Conhecida por seu aroma, suas cores e sua beleza, não merecia nomear aquela garota. A flor que mais se assemelha a ela seria Beladona. A ingestão de seu fruto causa efeito psicoativo, delírio. A ingestão de sua folha, a morte.
Seus princípios tóxicos oscilavam entre o veneno e o medicamento.
Ela oscilava entre o veneno e o medicamento.
Estava cansada de se envenenar.
Fazem quase 11 meses que eu te vi pela primeira vez. Posso dizer, com um pouco da licença poética que me é permitida, que você está ligado ao início do meu 2020. Assim como num ano novo, você apareceu na minha porta como fogos de artifício e músicas de verão (poderia fazer mais uma analogia ao fato da sua roupa ser branca, mas até eu tenho meus limites de clichê). Desses onze meses, cinco foram poesia. Os outros quatro mais me parecem com um papel de rascunho amassado. Poderia escrever vários diálogos com as nossas conversas que ainda me recordo de cor(ação), ou então uma distopia com os as datas que se destacaram – acredite eu me lembro de tudo.
Já lhe disse o quanto tenho minhas dúvidas sobre o passado. Seria melhor não ter os momentos bons e viver na obliviedade ou as memórias, se colocadas numa balança, pesam mais do que a saudade? Bom, não teria como tirar essa prova pois para isso seria necessário separá-las e, acredite, há muito que tento fazê-lo. Fato é que (in/felizmente) não há forma de mudar o que já se foi, nem aquilo que não chegou a ser.
Meus dedos traçam sua assinatura enquanto eu me lembro de quando você costumava me guiar como uma caneta e me controlar com suas mãos, formando as palavras e imagens que você queria. É cômico pensar que hoje eu invejo até um pedaço de papel por ser marcado por você, como eu reconheço sua letra mesmo com a página virada porque esse registro foi a única coisa que me restou de você.
Eu sigo escrevendo textos e versos e você assina folha atrás de folha, meus capítulos perdem os diálogos e imergem em memórias, o espaçamento maior a cada paragrafo.
Se algum dia você ler uma das coisas que eu escrevi sobre você,
Espero que não pense que eu me apaixonei,
Espero que não suponha que eu passei horas pensando em você
E pensando em seu rosto antes de dormir.
Se por acaso, você tropeçar nas minhas palavras,
Quero que saiba que elas são uma constante lembrança que eu errei.